O MURO CONTINUA DESMORONANDO

Há 29 anos caiu o muro de Berlim. Não foi apenas um dia, foi todo um período. Esse vosso amigo tinha, então, 25 anos e trabalhava como assessor parlamentar em tempo integral na Câmara dos Vereadores do Recife, o primeiro mandato do Partido Comunista desde a redemocratização de 1945. Foi um tempo confuso, incompreensível para um militante cheio de dogmas como fui.
Disciplinado aguardei a iniciativa da direção para fazer o processo de reflexão, crítica e autocrítica. Não aconteceu. Não no momento adequado e no formato devido. O principal dirigente era um grande líder, mas um velho guerreiro, apegado aos antigos dogmas. Estava tão confuso quando eu. Ainda tentou nutrir uma esperança na reação dos velhos bolcheviques russos entrincheirados no parlamento, publicou uma nota de apoio na Folha de São Paulo que terminou sendo uma espécie de epitáfio.
Os desdobramentos daquele fatídico novembro de 1989 continuam. Muitas pedras do muro foram lançadas ao alto e continuam caindo nas cabeças dos zumbis que tentam reciclar coisas como Gramsci ou a Escola de Frankfurt. Será preciso muito mais tempo para concluir a devida reflexão, mais trinta anos no mínimo e não será tarefa da minha geração, dou como perdido. Qual a contribuição que posso passar para as gerações futuras? O meu conselho é: “comece do zero, duvide de tudo e não tenha apego ao passado”.

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