MISTÉRIOS PROMOVIDOS

Você sabe a diferença entre um mistério e um problema? Não, pois bem, vou esclarecer.
Um mistério é um mecanismo da natureza ou da sociedade que não se tem a mínima noção de  como funciona. Aqueles fenômenos que causam desconserto por não apresentarem nem sequer uma pista da sua essência. Quando é possível ter um vislumbre de uma solução ou uma explicação plausível, o mistério é promovido à categoria de problema.
Pois bem, essa semana promovi à categoria de problema diversos fenômenos que na minha classificação eram mistérios.
A queda do socialismo na URSS tinha alguns mistérios, em especial o apoio popular às manifestações contra o regime e a queda do tal muro em Berlim. Muitos explicavam, mas, no meu olhar pessoal, era um mistério.
A queda do regime albanês em 1989, era um mistério total. Conheci pessoas da mais absoluta confiança (é desnecessário citar nomes), que visitaram Tirana poucas semana antes da queda de Ramiz Alia e relataram um clima de otimismo e entusiasmo com o socialismo.
Onde estavam os sindicatos do socialismo, fortes por estarem no poder, numa "ditadura do proletariado"? Onde estavam as associações juvenis e estudantis fortalecidas pelo pode popular? Onde estavam as organizações de defesa do estado socialista? Pois bem, todos eram parte de uma coisa só, eram bichos de uma mesma goiaba podre e foram jogados fora juntos
Essa semana, com as manifestações pelo Brasil afora, ficou mais claro, tive um vislumbre do que pode ter ocorrido por lá, no antigo bloco socialista. Virou problema.
Um vislumbre importante veio com o papel das ditas organizações populares nos eventos. Qual foi a relevância das entidades estudantis e sindicais nas manifestações do Brasil? Nenhuma. A origem do problema é a mesma da velha URSS; as entidades comportam-se como anexos do governo, seguem a pauta do governo, são governo, ou seja, são parte da goiaba, do status quo que deve ser descartado.
E qual a lição que aprendi? A importância da democracia.
Democracia para reclamar, para protestar, para organizar sem a tutela do Estado ou de qualquer outro mecanismo ou fórmula pronta. Para ser independente, para não ter medo de errar ou não temer quem ameaça com o passado, quem enxerga um perigo em cada esquina ou um golpe de militar no suspiro de qualquer desavisado atrevido.
Hoje aprendi a importância de tudo isso e posso dizer, sem nenhum medo de multidões nas ruas:
VIVA A DEMOCRACIA!

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