O QUE MUSSUM E JOAQUIM BARBOSA TÊM EM COMUM?


Eu sou daqueles que teve a oportunidade de ter Ariano Suassuna como professor. Certa vez, em sala de aula, comentávamos sobre os atores das diversas montagem para o cinema da peça Auto da Compadecida. O que mais me surpreendeu foi a simpatia de Ariano com a montagem feita por Renato Aragão e os Trapalhões, em especial Mussum no papel de Deus.
Dizia Ariano que não desejava um negro digno e com porte atlético no papel de Deus. Esse tipo de negro não desperta o preconceito. Mas Mussum era justamente o oposto, era um "negro safado", um desqualificado, bêbado e pobre. Na cena do julgamento a surpresa do padre e do bispo com a chegada de Mussum como um Jesus "negro safado" põe o preconceito a mostra.
Dito isso, fico refletindo sobre o herói da vez, o presidente do STF , ministro Joaquim Barbosa.
O ministro Joaquim não nasceu com aquela imponência física que dá uma tremenda dignidade à raça negra e que costumam representar Zumbi dos Palmares e teve a vida inteira o ator e cantor Tony Tornado. Não, tem a aparência do Mussum, sorrindo, então, é idêntico.
Entretanto, Fortuna fez caiu sobre as costas desse senhor, por sorteio, o peso de relatar a Ação Penal 470. Imagino aqui com meus botões se o que passou pela cabeça dele estava relacionado com a sua cor de pele. Acho que sim.
Joaquim não poderia ceder, tinha esse peso nas costas. Claro que um comportamento exemplar era um anseio do Judiciário, para se afastar do limbo que foi metido o prestígio dos poderes da República. Mas Joaquim estava livre para escolher. Seria mais fácil e proveitoso ceder ao poder e deixar, por qualquer detalhe técnico, Dirceu impune. Joaquim escolheu o caminho mais difícil.
Hoje, quando vejo as críticas que fazem ao Joaquim, de petistas campeões das cotas raciais, sempre o vejo fazendo as coisas e em imagens que o representam de forma preconceituosa, de preferência num sorriso "safado" ou em uma cena num bar sugerindo o vício no álcool e até mesmo dizendo que trata-se de uma pessoa subserviente com a direita e violento com a família. Ou seja, o mesmo arquétipo de Mussum, o "negro safado".
Aqui eu postei o filme Auto da Compadecida de Renato Aragão. Assista e confirme.


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