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Mostrando postagens de junho, 2013

MISTÉRIOS PROMOVIDOS

Você sabe a diferença entre um mistério e um problema? Não, pois bem, vou esclarecer. Um mistério é um mecanismo da natureza ou da sociedade que não se tem a mínima noção de  como funciona. Aqueles fenômenos que causam desconserto por não apresentarem nem sequer uma pista da sua essência. Quando é possível ter um vislumbre de uma solução ou uma explicação plausível, o mistério é promovido à categoria de problema. Pois bem, essa semana promovi à categoria de problema diversos fenômenos que na minha classificação eram mistérios. A queda do socialismo na URSS tinha alguns mistérios, em especial o apoio popular às manifestações contra o regime e a queda do tal muro em Berlim. Muitos explicavam, mas, no meu olhar pessoal, era um mistério. A queda do regime albanês em 1989, era um mistério total. Conheci pessoas da mais absoluta confiança (é desnecessário citar nomes), que visitaram Tirana poucas semana antes da queda de Ramiz Alia e relataram um clima de otimismo e entusiasmo com o soci

O DISCURSO QUE DILMA NÃO FEZ

“Jovens do Brasil, brasileiras e brasileiros: Nós erramos. Erramos todos nós que recebemos de vocês mandato para governar bem o Brasil, esquecendo os sonhos de vocês. Nós todos, os políticos e seus partidos, erramos. Mas devo admitir que nós que há 10 anos governamos o Brasil erramos mais e, especialmente, eu própria errei ainda mais, como a presidenta de vocês. Nós erramos ao sermos a 6ª economia do mundo e a 88ª nação em educação; ao deixarmos o Brasil ser o mais violento país do mundo, fora de guerra; ao priorizarmos sempre o privado, especialmente transporte, em detrimento do público; ao tolerarmos a corrupção e não conseguirmos punir aos corruptos; ao consumir o presente sem investir no futuro; ao deixarmos toda juventude sem sonhos de utopia para seu país e parte dela sem o atendimento do essencial para seu presente; ao montarmos governos de acordos, lotando os cargos, nem sempre utilizando os mais capazes. Nós erramos e temos que agradecer a vocês que foram para a rua manife

FAÇA UM ATO DE CORAGEM PRESIDENTA

O terceiro item do discurso da presidenta ela diz que o governo fará um "combate sistemático à corrupção e ao desvio de recursos públicos". Essa talvez será a mais vazia e mais impraticável de todas as promessas. Como a presidente pode combater a corrupção no seu governo? Perseguindo uma ou outra pequena falcatrua de algum larápio encastelado num partido satélite do PT? Isso seria a criação de um bode expiatório e a população descobriria. Como pode a presidenta prometer tal façanha, combater a corrupção, quando está movendo céus e terra para livrar José Dirceu e toda a sua quadrilha de corruptos da prisão? A população nunca entendeu direito os mecanismos da corrupção, mas, a leitura do processo do Mensalão no STF colocou a mostra as vísceras do esquema criado por Zé Dirceu e administrado por Marco Valério para submeter, por intermédio da distribuição de dinheiro, deputados à vontade do Executivo em um processo que envergonhou a nação Qual seria o melhor sinal, aquele mais

EM BUSCA DA LEGITIMIDADE

O que virá após essa gigantesca manifestação de descontentamento popular? Reformas? Não serão suficiente. Posso está errado, mas, podemos está presenciando o fim do ciclo da Nova República. Começou com as Diretas Já, foi para o colégio eleitoral com Tancredo, Sarney (fim da transição), Collor, Fernando Henrique, Lula e foi concluído com Dilma. A Nova República é um ciclo que finalmente está sendo fechado, está exaurido, não há saída dentro do governo petista que hoje toma conta do país ou de outro governo do PSDB, que venha a substituir Dilma. Precisa ser mais que isso. Vamos para um novo Brasil, mais republicano, cidadão, desenvolvido. Um país reconciliado, otimista. Como será esse "Novo Brasil"? Não sei, ainda está sendo desenhado, escrito, mas, tenho alguns vislumbres na ótica pessoal: BRASIL CIDADÃO Será um Brasil mais cidadão, mais republicano, eficiente, voltado para a prestação de serviços ao cidadão; REPRESENTAÇÃO POLÍTICA O Governo deve sentir mais a opinião p

É UM REAL!

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Houve um tempo, nos idos de 2001, que a cidade do Recife foi tomada por milhares de kombis, bestas e tropics. Elas disputavam espaço nos pontos de ônibus e tinham um rapazinho pendurado gritando, quase como música, o itinerário e o preço: "É um real". O que as kombis ofereceram por "um real" que conquistou o usuário? Conforto, agilidade e capilaridade. Conforto de viajar sempre sentado e no ar-condicionado, agilidade de fazer o percurso sem paradas e a capilaridade de levar o usuário até o seu ponto final, a porta de sua casa. O respeito pelo idoso e pelo doente era natural. Os velhos com dificuldades de locomoção adoravam as bestas - pegava em casa, deixava em casa - sem terminais lotados, sem degraus e bem sentados. O cobrador era um atleta, pulava fora com o veículo ainda em movimento,  ajudava o idoso a embarcar e ser acomodado da melhor forma possível. No desembarque,  pela simples necessidade de rapidez e pela concorrência, desmontava as cadeiras e ajudava

FORA DA ZONA DE CONFORTO

Na esquerda do Brasil criou-se uma ilusão de poder e estabilidade. A vitória de Lula permitiu avanços importantes, mudanças em políticas estatais, melhoria das condições de vida de muitos, etc. Entretanto, para manter o poder foi necessário criar estratégias para governar, para as eleições, as alianças, e tudo mais que permite o poder ser exercido de forma razoável e estável. Optou-se pelo caminho mais simples e seguro, por uma adaptação, manifestada na Carta aos Brasileiros, logo após o fim da eleição de 2002. O poder mudou de mãos, mas o status quo anterior permaneceu. O antigo regime (Ancien Régime)  apenas foi adaptado, mas, essencialmente, permaneceu como era. Esse estilo de mudar sem mudar ou de MMS - Mudanças Minimamente Invasivas - rendeu alguns avanços, mas agora começa a mostrar seus limites, o principal é a manutenção das desigualdades e da velha e viciada máquina do poder. As manifestações em São Paulo mostram bem as insatisfações com esse "mudar sem mudar". Ach

PORTAIS DO PARAÍSO

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Sítio Estrago no Brejo da Madre de Deus, alpendre da casa de Roberto Tavares. Visão da localização mais provável dos portais dos Campos Elísios, do paraíso. Minhas cidades são Garanhuns, São João, Belo Jardim e Brejo da Madre de Deus. Sou filho um pouquinho de cada lugar desses. Garanhuns do meu tempo de menino e das matinês no Cine Veneza; São João das pescarias na companhia  do meu pai; Belo Jardim dos fervores da adolescência, da Festa de São Sebastião, Marocas e dos amores inesquecíveis; Brejo da minha mãe, minha tia Urze, Tio Neco, Serra do Ponto e da tardes no Escorrego. Para o Recife, bem, sobrou apenas o resto. Sinto muito Recife, a parte mais bonita não é sua. O mundo começou em Garanhuns, para mim textualmente, nasci lá. Lá é meu elemento primordial, sou parte da paisagem. As palavras ditas nas ruas e nas casas são no meu exato idioma e não num dialeto qualquer do Recife, São Paulo ou Bahia. Lá a terra é branca e solta, não esse massapé argiloso da beira do mangue. Faz