O MARKETING DA MISÉRIA OU A MISÉRIA DO MARKETING

O governo Dilma está vivendo um problema muito curioso com a taxa de câmbio. Existe uma necessidade de desvalorizar o real frente ao dólar, para melhorar o desempenho das exportações e equilibrar mais a balança comercial para para o lado azul. A desvalorização também é importante para aumentar o nível da produção e barrar o gasto no exterior. Tudo isso é muito bom e precisamos muito.
Mas, os marketeiros do governo decidiram usar na propaganda a maior obra do Governo do PT, que foi uma redução significativa da miséria. Isso tem grande apelo e significado político na próxima eleição. Mas, como transformar um ente, a miséria, que não é vista pela classe média, formadora de opinião, em algo visível, mensurável? Com números.
Os números, as cifras e os índices nunca mentem, pelo menos quando o assunto é propaganda.
Qual seria, então, o número “matador”, inquestionável? Seria o do Banco Mundial, que considera US$ 1 por dia o mínimo para definir quem está acima da linha da miséria absoluta. Seria inquestionável, chancelado pela comunidade internacional.
Vamos a conta: com o dólar a R$ 1,96 o valor seria algo como R$ 59,60. Com o dólar a R$ 2,30 como querem os economistas do Mantega, o valor seria R$ 70,00.
O Brasil poderia começar o ano sem miséria absoluta e terminar com um crescimento de 12%, ou seja, o governo Dilma não seria aquele que acabou com a miséria e sim o que fez ela crescer a uma taxa descontrolada. Desvalorizar o real seria transformar Dilma na presidenta que jogou o Brasil na miséria absoluta.
Assim, a elevação da taxa do câmbio entre o dólar e o real poderia inviabilizar o instrumento de propaganda. Ele deveria ser descartado.
Qual seria a solução? Apelar para a ciência estatística, usar os números do IBGE que apontam para uma redução significativa da miséria, mas não tem o mesmo impacto. Já imaginaram que coisa chocha num discurso: - No meu governo a miséria teve uma redução significativa! Não dá. O bom seria: - Acabei com a miséria absoluta no meu governo. Aí sim!
Então, a propaganda do governo ficou refém do dólar baixo. Se aumentar Dilma vira a mãe da miséria absoluta.
A pajelança do marketing continuou.
Existia uma saída híbrida, um segundo truque: calcular o índice miséria absoluta pelos índices do IBGE, baseados na mais rigorosa ciência estatística, e a redução dos tais índices pelos cadastros do bolsa família, mais generosos.
Assim, ficou decidido: no marketing do governo se mede com um paquímetro, se marca com um giz e se corta com um machado.

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