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Mostrando postagens de novembro, 2012

VIVA AS KOMBIS! PEQUENO É EFICIENTE

O transporte público da região metropolitana do Recife não é para quem tem alguma propensão ao orgulho ou a soberba. É uma campo de penitências onde aprende-se a virtude da humildade pela humilhação e submissão. Um ato quase franciscano. Devemos combater a soberba, já que é o mais perigoso dos sete pecados capitais. Tento fazê-lo com exercícios habituais de humildade. Uma das formas é o uso de transporte público. O transporte público é um dos males que afligem os menos abastados no mundo moderno. Horas e mais horas desperdiçadas. Tempo que deveria ser usado em outras atividades. A ligação entre o pobre e o ônibus lotado é imediata. É necessário humilhar o ser humano pobre, colocando-o para espremer-se num ônibus durante uma, duas ou até três horas por dia. Mas já houve outros tempos. Quando as kombis circulavam o quadro era outro: pontos com pouca gente, ônibus novos com ar condicionado, rapidez e conforto. Problemas? Sim, mas não devido a solução que era eficiente e efetiva e sim

SÓCRATES E O TURISMO

Não gosto de viajar e depois de ler Sêneca fiquei ainda mais averso às viagens. Sêneca diz que Sócrates estava numa festa quando alguém que adorava viajar perguntou a ele a razão de nunca ter encontrado satisfação nos lugares que visitou e o filósofo respondeu: - É a companhia. - Mas, eu viajo sempre sozinho! Respondeu o turista. - Está vendo com que tipo ruim de companhia, você mesmo. Rarará!

MERCADO EDITORIAL - UM NEGÓCIO ZUMBI

Não existia mercado editorial antes de Gutemberg, ele criou esse negócio, que do ponto de vista industrial, consiste em beneficiar folhas de papel e vendê-las por uma preço mais elevando. O lucro pode ser ampliado pela redução da quantidade de papel, ou pela elevação da procura do conteúdo impresso. Para a indústria, conteúdo é aquilo que deve ser impresso para que o papel sofra a metamorfose transformando-se de uma feia e tosca folha de p apel, uma lagarta, numa linda borboleta, o livro. O mérito de Gutemberg não está em ter conseguido a tecnologia, o tipo móvel, isso já era dominado pelos chineses, mas em ter iniciado um bussiness de sucesso. A lucratividade do mercado editorial sempre foi astronômica, o que possibilitou a longevidade do negócio. Hoje, entretanto, um dos elementos fundamentais sumiu: o papel. Não é mais necessário dele para divulgar o conteúdo e o negócio deixou de existir, sublimou. O mundo e a cultura existiam antes de Gutemberg vão continuar exis

AS BELAS QUE ME PERDOEM, MAS A FEIURA É FUNDAMENTAL

Para Santo Agostinho "O mal é a ausência do bem". Ora, assim, tirando o bem, teremos o mal puro, logo, conseguimos criar uma escala de presença onde o mal forma o ambiente, o background  para o surgimento do bem, ou seja, o mal é fundamental, primordial, e o bem apenas derivado, posterior, produto. Faz todo sentido. Veja o que afirma a grande filósofa Rita Lee "A feiura só ganha da beleza em tempo de duração  o que é uma verdade evidente, já quem a beleza é passageira e sempre vencida pela feiura. Assim, temos uma ideia similar à de Agostinho aplicado ao dueto feiura/beleza, onde a feiura cria a base para a beleza, sendo a ela anterior. Nascemos com cara de joelho e morremos com jeitão de maracujá de gaveta. Depois desses argumentos concluo contra Vinícius de Moares e afirmo com certeza inabalável: "As belas que me perdoem, mas fundamental mesmo é a feiura". E tenho dito.

O QUE MUSSUM E JOAQUIM BARBOSA TÊM EM COMUM?

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Eu sou daqueles que teve a oportunidade de ter Ariano Suassuna como professor. Certa vez, em sala de aula, comentávamos sobre os atores das diversas montagem para o cinema da peça Auto da Compadecida. O que mais me surpreendeu foi a simpatia de Ariano com a montagem feita por Renato Aragão e os Trapalhões, em especial Mussum no papel de Deus. Dizia Ariano que não desejava um negro digno e com porte atlético no papel de Deus. Esse tipo de negro não desperta o preconceito. Mas Mussum era justamente o oposto, era um "negro safado", um desqualificado, bêbado e pobre. Na cena do julgamento a surpresa do padre e do bispo com a chegada de Mussum como um Jesus "negro safado" põe o preconceito a mostra. Dito isso, fico refletindo sobre o herói da vez, o presidente do STF , ministro Joaquim Barbosa. O ministro Joaquim não nasceu com aquela imponência física que dá uma tremenda dignidade à raça negra e que costumam representar Zumbi dos Palmares e teve a vida inteira o ato

ANTIMUNICIPILITE

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A dura luta dos prefeitos contra uma doença que enfraquece um dos pilares da nossa democracia, o município. Eu já conheci grandes intelectuais, ligados às melhores tradições desenvolvimentistas da Sudene, que eram inimigos dos municípios e do pacto federativo. Os argumentos até fazem sentido: falta de controle, administração deficiente, prefeitos incultos, corrupção, instabilidade política e administrativa, etc. Claro que é mais fácil controlar os recursos e ações através do governo central, onde os problemas administrativos são menores e os quadros mais cultos. Essa doença, que eu vou chamar de antimunicipilite , é endêmica no Brasil. Quando combinada com um diploma de economista ou administrador e com o preconceito contra os estados nordestinos, podem resultar em graves problemas sociais e políticos. O município e o carro zero quilometro. Nossa presidenta sofre da manifestação crônica da antimunicipilite . Adora torturar os prefeitos fazendo política anti-inflação co